terça-feira, 3 de novembro de 2009

As Birutas, Parte 2

Como já disse uma vez, várias birutas passaram pelo meu salão, essa deu um susto na gente, mas a culpa não foi dela. Eu estava precisando de uma recepcionista e uma cliente sugeriu que eu conhecesse a filha dela, claro que aceitei na hora, afinal nada como uma boa indicação, principalmente na recepção que na minha opinião, é o ponto nevrálgico de qualquer negócio. Nada como colocar alguém de um nível melhorzinho para atender as clientes. A garota veio com a mãe, linda gente! linda mesmo, novinha, doce, meiga, lembro apenas dos olhos bem verdes que ela tinha, cursando o antigo segundo grau, ela não tinha experiência mas eu também não tinha dinheiro para pagar alguém experiente, pensei posso ensina-la, afinal não é nenhum bicho de sete cabeças.E assim foi, ela começou a trabalhar, fui ensinando as coisas e ela parecia estar aprendendo, eu só estranhava a marcação da mãe em cima dela, ligava toda hora, levava, buscava a menina não tinha liberdade nenhuma. Ela tinha quase 20 anos e parecia que não podia fazer nada sózinha. Nunca comentei nada com ela, nem ela reclamava. Mas era estranho.Algumas funcionárias começaram a dizer que ela marcava os horários errados, Outras diziam que quem falava isso estava com inveja pois ela era muito linda e legal afinal, com elas não acontecia. Quando eu estava lá, tudo parecia normal, talvez um pouco desatenta mas ainda estava aprendendo, esquecia algumas coisas mas de um modo geral eu estava satisfeita. Um dia uma funcionária fofoqueira veio me dizer que a menina tomava remédios controlados e que quando não tomava tremia. Isso nunca me assustou, meu pai é psiquiatra, se era receitado por um médico é porque precisava. Achei o comentário dela maldoso e não me interessei em saber o porque dela tomar os tais remédios. Uma vez eu vi ela tremendo, peguei nas mãos dela e estavam suando, perguntei se ela estava bem e ela disse que sim. Perguntei se tomava alguma coisa ela disse que tinha disritmia e tomava alguns remédios. Sosseguei. Minha mãe e meu irmão tinham disritmia e também tomavam remédios. Só não tremiam quando ficavam sem. Um belo dia... As funcionárias me ligam desesperadas dizendo que a menina estava tendo um ataque epilético, na frente das clientes e elas não sabiam o que fazer, eu também não estava lá, então pedi para ligarem para a mãe dela e para o resgate se fosse o caso. E fui para lá, quando cheguei, o ataque já tinha passado a garota estava branca como um papel, e a mãe calma, parecia acostumada. Perguntei se as crises eram cons tantes e ela disse que mais ou menos. O curioso é que essa mãe NÃO ME AVISOU que a menina era epilética, achei o fim da picada, ela poderia ter morrido. Não tinha ninguém lá que soubesse lidar com aquilo, ela não deixou tel de médico, ela não falou nada. Claro que para o bem da menina achei melhor que ela não trabalhasse com a gente até ficar boa, depois disso nunca mais tive notícias. Conclui que nesse episódio a Biruta foi a mãe que quís esconder a doença da filha, achando que se falasse a verdade ninguém empregaria. Só que esconder esse tipo de coisa é um risco para o próprio doente. Ainda mais no caso delas que definitivamente não precisavam monetariamente disso. Ainda bem que deu tudo certo.